JUVENIS: Com os olhos em Aveiro e os ouvidos em Coimbra...

SC Beira-Mar, 2 - GD Trancoso, 0
(1-0, ao intervalo)

Na ponta final da 1ª fase do campeonato nacional de juvenis, o SC Beira-Mar recebeu e venceu o GD Trancoso, numa jornada em que a melhor notícia veio de Coimbra, com a derrota da Académica diante do Feirense, que colocou de novo os auri-negros no 4º lugar da classificação da série B, posição que permite a discussão da última vaga de acesso à 2ª fase, através da disputa de um "play-off" com o 4º classificado da série A. O jogo foi incaracterístico, com uma primeira metade de apenas um só sentido, em que os aveirenses se revelaram demasiadamente perdulários e uma 2ª parte de má qualidade, com os comandados de Aguinaldo Melo a baixarem inexplicavelmente de produção e a permitirem aos visitantes a possibilidade de, por mais de uma vez, poderem ter chegado, escandalosamente, ao empate. Ainda assim, pelo que fizeram na 1ª parte, a vitória assenta bem aos beiramarenses, que terão de fazer bem melhor na próxima jornada para continuarem na luta pela qualificação.
Aguinaldo Melo apresentou-se, diante do "lanterna vermelha", com:
Cirineu (gr); Leandro, Lobo (cap), Rui Santos e Wilson Rubio; Mika; Ricardo Figueiredo (Ricardo Castro, 67') e Wilson Campos; Cassamá, Paulo Sousa (Greno, 76') e Pedro (Marc, 54').
Suplentes não utilizados: Samuel (gr), Renato, Iuri e Pité.

O primeiro minuto de jogo define bem aquilo que se haveria de passar durante quase toda a primeira parte. Em apenas 60 segundos, o caudal ofensivo dos aveirenses criou e desperdiçou duas soberanas oportunidades de golo. Na primeira jogada do desafio, uma diagonal de Cassamá, da direita para o meio, termina como uma solicitação para a entrada de Wilson Campos que, em excelente posição e sem ninguém a estorvá-lo, remata às malhas laterais. No lance seguinte, é a vez de Wilson Campos, aberto na direita, cruzar ao 2º poste, para um remate de Ricardo Figueiredo que seria devolvido pelo ferro. A entrada fulgurante do Beira-Mar haveria de se estender por toda a etapa inicial, marcada pelo grande número de oportunidades de golo criadas pelos da casa, que primaram por uma ineficácia na finalização deveras preocupante. Exemplo disso, um lance, aos 12', começado em Pedro, que é servido no lado esquerdo, para depois ganhar em velocidade e fazer um cruzamento para a área, onde Paulo Sousa falha o remate de primeira, sobrando a bola para o lado contrário, onde estava Cassamá, que teve tempo de dominar a bola, olhar o desamparado guarda-redes e atirar para a baliza, esbarrando incrivelmente o remate no corpo do guardião visitante. O desperdício teve continuidade, aos 19', com uma descida "costa-a-costa" de Lobo, para, à entrada da área do Trancoso, solicitar Pedro, na esquerda, que rematou para uma defesa apertada do guarda-redes beirão. No minuto seguinte, finalmente, fez-se um pouco de luz! O lance do 1-0 começa também em Pedro, novamente na esquerda, donde fez um cruzamento para o "coração" da área, onde estava Cassamá, que recebeu de costas para a baliza, rodopiou e atirou a contar.

O golo deu mais ânimo à equipa de Aguinaldo Melo, que continuou na sua produção atacante, mas não lhe afinou a pontaria. Logo a seguir ao golo, na sequência de um livre batido por alto, Ricardo Fernandes recebe a bola amortecida pelo peito de Cassamá, para a entrada da área, e remata forte para mais uma defesa do guardião contrário. Cassamá estava muito activo e, aos 25', numa jogada de combinação com Ricardo Fernandes, aparece isolado e desvia do guarda-redes, mas o golo é evitado em cima da linha fatal pelo defesa esquerdo forasteiro. O duelo Cassamá versus guarda-redes do Trancoso repetir-se-ia, no minuto seguinte, com o veloz e possante extremo aveirense a isolar-se de novo, ganhando a todos em velocidade, mas a rematar contra o corpo do "keeper" visitante. Um outro modo de tentar o golo, ensaiou-o Mika, aos 29', com um potente remate de fora da área, que passou rente ao poste esquerdo da baliza do já batido guardião contrário. A primeira parte aproximava-se do fim e tinha-nos mostrado um Beira-Mar a jogar bem, com o domínio absoluto do jogo (Cirineu teve 40' de descanso completo), um caudal ofensivo impressionante, que apenas foi superado pela falta de eficácia da equipa. A "cereja em cima do bolo" da ineficácia, aconteceria aos 37', com Cassamá mais uma vez em acção, numa jogada individual em que tirou vários adversários do caminho e rematou, para a bola ressaltar para Ricardo Figueiredo que, à vontade, bem dentro da área, atirou rente ao poste esquerdo, falhando mais uma grande oportunidade de golo. A vantagem tangencial que se verificava ao intervalo era uma bênção dos céus para a equipa do Trancoso e penalizava exageradamente a equipa de Aguinaldo Melo que, pelo que tinha jogado e construído, merecia um resultado bem mais confortável.

A 2ª parte trouxe-nos um jogo completamente diferente, com o Beira-Mar a entrar muito mal e a baixar de produção de uma maneira inexplicável, face à diferença entre as duas equipas, verificada na 1ª parte. O Trancoso, aos 4', chega pela primeira vez à área de Cirineu e ganha um pontapé de canto, na sequência do qual é Wilson Rubio a salvar o empate sobre a linha de golo. O aviso estava dado e aquilo que parecia impensável durante a primeira parte, esteve à beira de acontecer logo no início da segunda. A entrada desinspirada dos aveirenses, na etapa complementar, fica bem patenteada no facto de, apenas aos 14', e na sequência também da marcação de um pontapé de canto, o perigo ter rondado a área do Trancoso, com Paulo Sousa a cabecear a bola centrada por Wilson Campos. Mas foram os visitantes que estiveram de novo perto do empate, quando, aos 16', uma perda de bola cria uma superioridade numérica, que permite a um avançado do Trancoso isolar-se, valendo a saída decidida de Cirineu, que evitou o empate fora dos postes, antecipando-se ao adversário. A inofensiva equipa da primeira parte, que vinha dando mostras de ficar satisfeita com a derrota tangencial, começou a acreditar que algo mais poderia ser possível e, aos 19', tem mais uma boa oportunidade para igualar, através de um remate da esquerda, que é desviado e quase traía Cirineu. O jogo ficou mais aberto e, aos 20', é a vez do Beira-Mar chegar com perigo à baliza contrária, com um cruzamento largo de Wilson Campos a ser correspondido por um golpe de cabeça de Marc, ao lado. Aos 23', é a vez de Leandro, do lado direito, tirar um cruzamento, para Paulo Sousa falhar o golo à boca da baliza. O Trancoso voltou a estar perto de fazer história, aos 25', numa jogada que começa do lado esquerdo e termina com um "chapéu", dentro da área, que faz a bola sair rente ao poste, provocando mais um enorme calafrio nas hostes da casa. Respondeu, no minuto seguinte, Cassamá, numa jogada de contra-ataque, arrancando imparavelmente para a baliza, não tendo, porém, arte para marcar, atirando, isolado, para a defesa do guarda-redes. Aos 31', o mesmo Cassamá, remata de cabeça à barra, correspondendo a um cruzamento da direita de Marc. Finalmente, aos 34', os corações aveirenses puderam tranquilizar-se. O responsável foi Cassamá, que em jogada individual pelo lado esquerdo, voltou a isolar-se, mas desta vez não perdoou e fez o 2-0. Já em período de compensação, o Trancoso poderia ter apontado o tento que tanto procurou na 2ª parte, mas o seu nº 10, isolado, permitiu a defesa de Cirineu para canto.

Num jogo que pareceu tão fácil de resolver na 1ª parte, as coisas complicaram-se, inesperadamente, na 2ª e, sem que a vitória ofereça contestação, passaram-se por alguns momentos de aflição, completamente desnecessários.

Desnecessária foi também a actuação complicativa do árbitro, num jogo que era fácil de dirigir, mas onde mostrou algumas lacunas, nomeadamente na interpretação da lei da vantagem.