terça-feira, 5 de outubro de 2010

JUVENIS: Não "matar" para depois... "morrer"!

SC Beira-Mar, 0 - Leixões SC, 2
(0-0, ao intervalo)

A sorte foi madrasta para os sub-17 do SC Beira-Mar, no jogo que disputaram, hoje de manhã, no Estádio Mário Duarte, frente ao Leixões, com a vitória a sorrir aos matosinhenses por dois golos sem resposta, resultado que, de todo, não corresponde àquilo que se passou dentro das quatro linhas, tendo as melhores situações de golo pertencido aos aveirenses.
Com este resultado, os auri-negros perdem a invencibilidade no seu terreno, sofrem a quarta derrota na prova (a primeira por dois golos de diferença) e descem ao 6º lugar da série B, vendo os adversários da segunda metade da tabela aproximarem-se perigosamente. Tudo isto em vésperas dos jogos com o FC Porto e Padroense.
A primeira parte teve períodos de jogo repartido, mas com o Beira-Mar a tomar a iniciativa e a ter maior ascendente, perante um adversário que se mostrou, desde cedo, ser muito forte e perigoso nas transições ofensivas e ter executantes capazes de causar desequilíbrios no último reduto aveirense. No entanto, na maior parte das vezes, as iniciativas foram neutralizadas pelas boas organizações evidenciadas por ambas as equipas e, para além da perdida escandalosa de Manuel, aos 17', quando, na pequena área, enviou à barra uma bola largada para os seus pés pelo guardião leixonense, após livre de Pité, não se contabilizou mais nenhuma oportunidade flagrante de golo, apenas algumas (poucas) situações de perigo junto das balizas. O primeiro lance de perigo ocorreu aos 4', com Ricardo Tavares (também Manuel e André estavam soltos), nas costas da defesa, a cabecear à vontade, para as mãos do guardião forasteiro, uma bola vinda da direita, na sequência de um livre.
Aos 29', depois da já referida grande oportunidade de golo da primeira parte, foi a vez dos matosinhenses criarem algum perigo para a área aveirense, numa transição rápida pelo flanco direito, com um cruzamento que viria a proporcionar dois remates fortes, que foram devolvidos pela defensiva auri-negra. Até ao intervalo, registo apenas para uma boa jogada de Danny, que colocou a bola na meia-lua, em Pité, que evitou o seu adversário e ficou com o caminho livre para a baliza, optando pelo remate pronto, com o seu pé esquerdo, que levou a direcção do guarda-redes.
Não se pode dizer que o nulo então verificado fosse muito injusto, mas se tivesse que haver uma equipa em vantagem essa só poderia ser a do Beira-Mar.
A segunda parte começou com uma clara intenção dos beiramarenses chegarem à vitória, intensificando o seu domínio de uma forma clara, mas que só viria a mostrar-se aos 49', quando, por duas vezes, os aveirenses estiveram muito perto de se adiantarem no marcador. Primeiro foi Pité, que, na marca do penalti, vê uma bola ressaltar e vir na direcção do seu pé esquerdo, mas o seu remate, livre de oposição e em posição privilegiada, é miraculosamente defendido pelo guarda-redes contrário. Na sequência do lance, a bola é endossada na direita, em Wilson, que, também solto de marcação, faz um cruzamento/remate, que sobrevoa o guarda-redes e vai embater caprichosamente na barra da baliza. Que falta de sorte!
Quem não marca, arrisca-se a sofrer, diz-se todos os dias no mundo do futebol, ou, usando uma linguagem mais bélica, quem poupa o inimigo, às mãos lhe morre. Foi o que aconteceu, dois minutos depois, num contra-ataque típico dos matosinhenses, que vê o seu perigoso avançado nº9 ter a fortuna que faltou aos homens da casa e rematar de fora da área, com a bola a ser desviada por um defesa auri-negro e trair o adiantado Samuel. Que crueldade este 0-1.
Para além do golo ter sido um duro golpe anímico para os rapazes de Aguinaldo Melo, passou-se, a partir desse momento, a jogar contra mais um adversário. Não, não foi o árbitro, mas o anti-jogo dos matreiros jovens do Leixões. Se até então se vinha assistindo a um bom jogo de futebol, com duas boas equipas a lutarem pelos três pontos, a partir do 0-1 pouco mais futebol se viu e o interveniente que passou a ser mais solicitado foi uma figura até então desconhecida, o massagista do Leixões (5 entradas em campo, pelo menos, até ao final do encontro). Foi gritante o uso (e abuso) de artimanhas para queimar tempo, com lesões simuladas a todo o momento pelos jogadores do Leixões, sendo uma ironia o facto de ter sido o Beira-Mar a terminar o jogo com dez unidades, fruto da dureza matosinhense, que deixou Rúben KO. Já não é a primeira vez que afloramos a falta de "fair-play" que verificamos nos jogos disputados por jovens que estão numa fase importante da sua formação e que deveriam ser educados e incentivados a jogarem o jogo pelo jogo, sem subterfúgios e com respeito pelo adversário. Alguma coisa as entidades que superintendem o nosso futebol têm de fazer, sob pena deste jogo magnífico se vir a transformar, à medida que os interesses aumentam, numa verdadeira guerra.
Contra tudo isto continuaram a lutar os briosos jogadores do Beira-Mar, alguns deles a baterem-se até às lágrimas por outro resultado que mereciam e que tudo fizeram por obter. E o empate, pelo menos, esteve quase a acontecer, em mais duas situações de flagrantes oportunidades de golo. Primeiro, aos 64', no seguimento de uma excelente jogada dos auri-negros pelo flanco direito, com Ricardo Tavares a tirar um bom centro, que apanhou Rafa no meio da área, solto de marcação, mas o cabeceamento do médio aveirense foi desviado superiormente para canto, com a ponta dos dedos, pelo guardião matosinhense. Depois, aos 70', Pité é chamado à marcação de um livre, perto e no enfiamento da grande área, junto da linha de fundo (um canto muito mais curto), colocando a bola ao segundo poste, onde uma entrada de cabeça de Miguel (com Henrique e Tavares também por perto), proporciona mais uma defesa do outro mundo (teve, de certeza, ajuda do Senhor de Matosinhos) do guardião do Leixões.
Foi o último suspiro dos auri-negros que, aos 78', viriam a ser ainda mais severamente castigados com a obtenção do segundo golo da equipa visitante, fruto de um pontapé de ressalto após marcação de um canto. Este injusto 0-2 poderia, aliás, ter chegado antes, aos 73', quando, numa fase em que o Beira-Mar arriscava tudo para chegar ao empate, viu um jogador leixonense, em jogada de contra-ataque, surgir frente a Samuel, que, com uma boa defesa, viria a adiar o resultado definitivo.
Sabemos que em futebol não há vitórias morais, mas os nossos jogadores, hoje, não mereciam tamanha injustiça, lutando sempre pela vitória, resultado que sabiam ser muito importante para as aspirações da equipa e que mereciam ter alcançado. A sorte que hoje os desacompanhou há-de chegar em jogos futuros. Vamos lá campeões!
Sob uma boa arbitragem do Sr Ivo Rocha, da AF Coimbra (os 5 minutos de compensação dados são, efectivamente, muito pouco para o tempo perdido, mas não há nenhum árbitro que dê muito mais), o professor Aguinaldo Melo apresentou:
Samuel (gr); Rúben Marques, Manuel, Miguel e Iuri (Henrique, 53'); André Silva (cap), Rafa, Pité e Wilson (Diogo Carvalho, 62'); Ricardo Tavares e Danny (Tiago Gomes, 77').
Suplentes não utilizados: Hugo (gr), Pedro Aparício, João Meireles e João Valente.

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