SC Beira-Mar, 2 - CF União Lamas, 1(1-1, ao intervalo)
O futebol, para além de espectáculo, é também um desporto que mexe muito com as emoções das pessoas, que as faz vibrar e lhes toca no mais fundo dos seus sentimentos.
No final do jogo disputado esta manhã, no Campo de Treinos do Estádio Mário Duarte, as equipas participantes tinham presenteado a vasta assistência com um magnífico espectáculo de futebol, tinha havido emoção a rodos, com ambos os conjuntos a procurar ganhar e o contraste de sentimentos era por demais evidente. Os atletas do Beira-Mar, conscientes do bom jogo que tinham feito, festejavam o 6º jogo consecutivo sem perder (4 vitórias e 2 empates), enquanto que os rapazes do União de Lamas, alguns prostrados no terreno de jogo, espelhavam a amargura que lhes ia na alma e a frustração por terem deixado fugir a oportunidade de continuar a lutar pelo título distrital. Título que, imagina-se, à mesma hora, deveria estar a ser efusivamente festejado, a não muitos quilómetros de Aveiro, pelos rapazes do Recreio de Águeda. É este jogo de emoções, este contraste de sentimentos, que faz também as pessoas gostarem tanto de futebol. Seja ele jogado com lealdade e que, vencidos e vencedores, saibam ambos representar os seus papéis.
Numa manhã muito quente para a prática do futebol, A. Jorge Raínho, fez alinhar:
Hugo (GR); Francisco, Rui Almeida, Miguel e João António; Rafa (cap), Pedro Aparício (Gui, 58'), Pité e Tiaguinho (Bruno, int.); João Pedro (Tiago, int.) e Henrique (Filipe, 68').
Suplentes não utilizados: André (GR) e Vítor.
O SC Beira-Mar foi a equipa que melhor entrou no jogo e, como consequência desse domínio inicial, criou as primeiras oportunidades de golo. Aos 6', um excelente passe em profundidade de Pedro Aparício isolou Henrique, que ganhou em velocidade, mas o avançado auri-negro rematou cruzado, rente ao poste mais distante. Boa oportunidade. Aos 9', o perigo voltou a rondar a baliza do Lamas, no seguimento de uma boa jogada da equipa que culminou com um cruzamento muito perigoso de Pité, agarrado pelo guardião contrário. Este ascendente daria os seus frutos pouco depois, aos 10' de jogo. Rafa, que hoje capitaneou a equipa, tem uma magnífica jogada individual pela direita, que culmina com um cruzamento mortífero para a área. Boa recepção do esquerdino Pité e remate forte, com o seu melhor pé, para o 1-0.
Se este golo foi justo, justo também é dizer que o Lamas reagiu bem à desvantagem, mostrou que era uma equipa que estava ali para lutar pelos 3 pontos e de o fazer até cair. E aos 18', após ter conquistado alguns pontapés de canto inconsequentes, a equipa de Santa Maria de Lamas chegava ao 1-1, num lance em que a defesa beiramarense deu algumas facilidades.
O jogo estava numa fase de parada e resposta, com maior equilíbrio, mas as grandes oportunidades de voltar a marcar pertenceram aos da casa. Primeiro, aos 23', numa jogada de contra-ataque, Tiaguinho isolou o veloz Henrique, que rematou para uma defesa incompleta do guarda-redes negro-rubro, tendo a bola sobrado para o pé direito (!) do mesmo Tiaguinho, que acompanhou o lance e que rematou fraco para as mãos do nº 1 forasteiro. Passados dois minutos, aos 25', é Pedro Aparício que falha flagrante oportunidade de golo, rematando para "as nuvens" uma bola que sobrou do guarda-redes do Lamas, bem dentro da grande área adversária.
O balanço ao intervalo era de um jogo muito emotivo, bem jogado, com duas equipas dignas uma da outra, mas onde o empate era penalizador para o que tinha feito a equipa aveirense, que merecia ter chegado à vantagem.
A primeira metade da 2ª parte caracterizou-se por um período em que, apesar do Beira-Mar continuar a mostrar algum ascendente e do ritmo de jogo se manter intenso, a bola raramente rondou com perigo as balizas. As excepções são dois lances, ambos para o Beira-Mar, em que o golo poderia ter acontecido. Primeiro foi um remate de Tiago, aos 11', desviado por um defesa e que quase traía o guarda-redes e depois, aos 16', é Rui Almeida que tem soberana ocasião para adiantar a sua equipa no marcador, mas o seu cabeceamento, a corresponder a cruzamento de Pité, não produz o efeito desejado.
Este ascendente do Beira-Mar foi contrariado a partir de um lance, aos 20', em que Gonçalo quase faz auto-golo. Este lance galvanizou os rapazes da União de Lamas, que sentiram que tinha chegado o momento de darem tudo o que tinham. E o Beira-Mar passou, então, por alguns calafrios. A mais flagrante ocasião para o Lamas aconteceu aos 24', quando após uma excelente jogada do nº9, Miguel evita o golo sobre a linha de baliza, com Hugo batido. Aos 27', após uma falha na intercepção de uma bola, Miguel deixa escapar um adversário pela direita e é Hugo que resolve esta situação muito complicada. Nesta altura o Lamas estava por cima, a assistência acompanhante procurava transmitir-lhe forças suplementares, mas oportunidades de golo não teve mais. O SC Beira-Mar procurava, nesta fase final, o contra-ataque e a velocidade de Tiago, mas foi Bruno, pela esquerda, a desequilibrar. Após lançamento longo, Bruno liberta-se do seu opositor e cruza para a grande área onde, vindo de trás, aparece mais uma vez Pité a fazer o 2-1 final. Jogava-se já o 2º minuto da compensação dos 4' que a árbitra da partida tinha dado. Apesar de ainda se terem jogado 7' (!!??) para além dos 70, este golpe foi demasiado duro para os rapazes de Lamas, que não mais incomodaram a baliza de Hugo.
Se o resultado acaba por ser justo para o Beira-Mar, o União de Lamas não tem de se envergonhar do jogo que fez em Aveiro e, como há sempre muito mais vida para além de um jogo de futebol, amanhã será outro dia.
A árbitra apresentou um critério demasiado largo, num jogo que se sabia poder ser complicado, por isso a partida acabou por endurecer na sua parte final ( por responsabilidade dos visitantes) e são incompreensíveis os 7' que se jogaram como compensação(!).
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