terça-feira, 21 de dezembro de 2010

JUNIORES A: Desagradável surpresa

SC Beira-Mar, 0 - CD Gouveia, 1
(0-0, ao intervalo)

O ano de 2010 não terminou da melhor maneira para a equipa de juniores do SC Beira-Mar, que se viu surpreendentemente batida em casa, no passado sábado, pelo CD Gouveia, último classificado da série B do campeonato nacional da 2ª divisão. O que é que faz que uma equipa, candidata a um dos primeiros lugares da prova, seja derrotada, no seu próprio terreno, por um conjunto, que até este jogo, apenas tinha somado 3 pontos? Esta é a pergunta que todos colocam e à qual se poderia responder, muito simplesmente, com o velho lugar comum - aconteceu futebol! Mas, para além desta verdade, houve razões objectivas para que a equipa de António Luís deixasse fugir 3 pontos, que quase todos dariam como adquiridos. À incapacidade para "matar" o jogo, revelada pelos auri-negros, no seu melhor periodo (primeiros 25 minutos), seguiu-se uma fase de desaceleração, em que, provavelmente, os atletas auri-negros terão pensado que, para ganhar o jogo, seria uma questão de tempo, mais minuto menos minuto. A verdade é que estes foram passando, a ansiedade a subir e o discernimento a faltar, tudo agravado com o "balde de água fria", já perto do final do encontro, resultante da obtenção do golo visitante, que selaria uma derrota de todo inesperada. De nada valeu o "forcing" final, feito já mais com o coração do que com a cabeça, mas onde, mesmo assim, aconteceram oportunidades que poderiam ter ditado outro desfecho, tivesse havido um pouco mais de sangue frio.
Sob uma boa arbitragem do Sr. Ivo Fernandes, da AF Coimbra, o SC Beira-Mar apresentou-se com:
Cirineu (gr); Berna, Rui Santos, Renato e Mika; Chico (Paulo Sousa, 54'), André Aranha e Filipe Vieira; Sílvio (Pedro Ribeiro, int), André Vaz (cap) e Ibrahima (Leandro, 62').
Suplentes não utilizados: Diogo Lopes (gr) e Granja.
O Beira-Mar entrou no jogo de uma maneira que parecia indiciar que rapidamente as coisas se resolveriam a seu favor. Logo na primeira jogada do desafio, uma intercepção de Sílvio dá origem à primeira situação de grande perigo, com o rápido extremo aveirense a progredir e a rematar na passada para um desvio para canto efectuado, em último instante, por um defesa. Nem um remate de meia-distância, efectuado pelos visitantes, aos 3', e que pôs à prova a atenção de Cirineu, fez temer algo de pior para os interesses auri-negros. Estes partiram mesmo para uns primeiros 25 minutos de domínio completo, com o Beira-Mar instalado no meio-campo do Gouveia, construindo situações de finalização mais do que suficientes para ter resolvido o encontro neste período. Filipe Vieira, aos 9', com um remate à entrada da área que saiu por alto, após jogada e cruzamento da direita de Aranha e André Vaz, aos 13', que não conseguiu o golpe de cabeça, ao segundo poste, solicitado por um cruzamento de Sílvio, também da direita, foram os primeiros a poderem ter dado colorido ao marcador.
O jogo era de sentido único, mas o golo não chegava, faltando sempre o último toque, o derradeiro passe. Aos 18', numa excelente iniciativa individual, Filipe Vieira ultrapassa tudo e todos, entra na área, vai até à linha e dá para a boca da baliza, onde faltou o encosto para o fundo das redes. A culminar o melhor período dos auri-negros, aos 25', na sequência de uma boa jogada do colectivo, feita sempre em progressão, Sílvio penetrou na área, pela zona frontal, mas rematou ao lado, quando tinha apenas o guarda-redes serrano pela frente.
A partir daqui o futebol aveirense perdeu alguma intensidade, a qualidade do futebol praticado decaiu e o número de passes errados aumentava a olhos vistos, começando a complicar-se um jogo que todos aguardavam simples de resolver. Deste modo, até ao intervalo, apenas um pontapé de ressaca de Chico, aos 36', que saiu ao lado e um remate de André Vaz, por cima do travessão, aos 43', no seguimento de uma incursão pela esquerda de Filipe Vieira, que ganhou a linha e passou atrasado para o seu "capitão", deram a possibilidade de os aveirenses chegarem ao descanso em vantagem. Entretanto, o Gouveia começava a acreditar mais e dois remates à baliza de Cirineu, aos 36' e 37', foram os primeiros avisos de que as complicações poderiam não ficar por aqui.
Na segunda parte, apesar de André Vaz, logo aos 49', ter proporcionado uma defesa apertada ao guarda-redes do Gouveia, o Beira-Mar esteve mal, revelando muitas dificuldades para ligar o seu jogo e raramente chegando a situações de finalização. Foi necessário um lance de bola parada, um canto apontado por Filipe Vieira, aos 62', para surgir a primeira verdadeira sensação de golo, com Paulo Sousa, já em jogo, a cabecear ao poste direito da baliza visitante. Este lance parece ter dado algum alento aos aveirenses e, aos 69' e 73', Berna tem duas excelentes oportunidades para inaugurar o marcador. Em ambos os lances surge solto pelo lado direito, servido por Filipe Vieira, proporcionando uma grande defesa para canto ao guardião forasteiro, no primeiro lance e rematando paralelamente à baliza, no segundo. No minuto seguinte, foi Berna que esteve na origem do lance, cruzando ao segundo poste, onde surgiu Paulo Sousa a cabecear, mas a ver o seu intento de golo ser negado por um super-motivado guarda-redes do CD Gouveia. Mesmo sem jogar bem, a quantidade de situações criadas pelos auri-negros já justificavam a vantagem, mas, como esta não chegava, notava-se já algum nervosismo nas acções dos jogadores aveirenses. Filipe Vieira, aos 81', tenta a sorte de fora da área, mas o seu remate vai às malhas laterais.
E, quando se começava a pensar no mau que seria um empate face ao "lanterna vermelha" da prova, o impensável aconteceu. Num lançamento longo para o meio campo do Beira-Mar, aos 82', a defesa auri-negra é surpreendida pela velocidade do jogador serrano, que aproveita também a saída a destempo de Cirineu, para lhe fazer um "chapéu" certeiro e gelar por completo as hostes auri-negras. O impensável tinha acontecido e o Beira-Mar estava em desvantagem, por 0-1, frente a uma equipa a quem vencera, na primeira volta, por 0-6.
Com tão pouco tempo para jogar, os auri-negros ainda tentaram o tudo por tudo, mas só o desespero pode justificar a falha incrível de Paulo Sousa, aos 83', quando, na pequena área, frente ao guarda-redes, com a bola dominada, não consegue acertar na baliza. A última oportunidade surgiria, aos 88', com Renato, a jogar na zona do ponta-de-lança, a rematar de cabeça, ligeiramente ao lado, após cruzamento de Berna. Foi o canto do cisne auri-negro, que terá, em jogos futuros, de procurar conquistar estes 3 pontos perdidos de forma tão inglória. Ainda que desta vez nos custe, o futebol também é feito destas surpresas...

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