segunda-feira, 22 de novembro de 2010

JUVENIS: Empate em jogo de alta tensão

UD Oliveirense, 1 - SC Beira-Mar, 1
(1-1, ao intervalo)

Oliveirense e Beira-Mar protagonizaram ontem, em Oliveira de Azeméis, um jogo muito intenso, nem sempre bem jogado, mas onde a emoção e o empenho de todos os atletas estiveram sempre presentes, do primeiro ao último minuto. Separadas por apenas 2 pontos na tabela classificativa da série B do campeonato nacional de juvenis e em zona crítica no que à despromoção diz respeito, ambas as formações tinham consciência da importância de um bom resultado neste jogo e essa responsabilidade foi transportada para dentro das quatro linhas, traduzindo-se numa aplicação a fundo de todos os intervenientes, que disputaram cada lance como se fosse o último. A outra face da moeda foi a perda de clarividência e o discernimento necessário para dar ao jogo a qualidade que não teve e que os protagonistas eram capazes de mostrar, libertos da pressão a que foram sujeitos.
O resultado acaba por se aceitar, a derrota para qualquer das equipas seria um castigo demasiado severo face à entrega ao jogo que os atletas evidenciaram, mas quer Oliveirense, quer Beira-Mar, recordarão os momentos que tiveram, capazes de ter dado outro rumo aos acontecimentos.
Foi uma equipa do Beira-Mar dizimada por doenças e lesões, a somar ainda a um castigo, que se apresentou no sintético principal do complexo da Oliveirense, sendo de referir a presença de 11 atletas de primeiro ano nos 17 convocados, dos quais 6 foram titulares, acabando a equipa por estar com 8 desses elementos em campo. Para este jogo de crucial importância, Aguinaldo Melo elegeu os seguintes jogadores, que tão boa conta deram de si:
Samuel (gr); João Rui, Guilherme, João Rafael e Bruno Filipe; André Silva, Balacó (cap) (Diogo M. Carvalho, int) e Rafa; Ricardo Tavares (Tiago Gomes, 74'), Marc (Henrique, 66') e Danny.
Suplentes não utilizados: Hugo (gr), Rúben Marques e João Valente.
Se a Oliveirense entrava em campo em superioridade no que ao capítulo físico-atlético dizia respeito, foi ao Beira-Mar que pertenceu a primeira oportunidade de golo, estavam decorridos apenas 2' de jogo, numa boa iniciativa de Ricardo Tavares, na direita, com um cruzamento para a zona de finalização onde, nem Marc, nem Danny foram lestos a dar o último toque.
Aos 10', o Sr. Carlos Taveira, árbitro do encontro, da AF Aveiro, dá início ao festival de cartões com que "coloriu" a equipa do Beira-Mar (7 amarelos e 1 vermelho, por acumulação), num lance em que Samuel, após hesitação sua e de João Rafael, sai da sua área para pôr cobro a um lançamento em profundidade, com o solicitado jogador da Oliveirense a chegar primeiro à bola, atirando-a contra o corpo do guardião aveirense. O juiz da partida marcou falta e, na nossa opinião, errou duas vezes: primeiro porque a intervenção de Samuel não foi com as mãos e, depois, se o tivesse sido, a cor do cartão teria de ser diferente. Na marcação do livre, Samuel desvia a bola para a barra, mas o lance teve uma maior importância porque condicionou o trabalho do árbitro para o resto do jogo, sempre muito severo para com os jogadores auri-negros, passando a sofrer uma grande pressão, dentro e fora das quatro linhas, com reflexo nas suas decisões.
Para piorar as coisas, do ponto de vista dos ânimos oliveirenses alterados, o Beira-Mar abriria o marcador, no minuto seguinte, com Samuel a repor rapidamente a bola em jogo e a isolar Marc, que ganha em velocidade ao seu marcador, isola-se e, após uma primeira tentativa falhada, emenda e faz o 0-1 à segunda.
A equipa da casa reagiu ao golo, mas o melhor que conseguia, perante uma bem organizada equipa do Beira-Mar, tonificada pelo golo, era a conquista de alguns pontapés de canto, na sequência dos quais, num deles, aos 21', surge um cabeceamento na área de um jogador oliveirense, livre de marcação, que levou a bola até às mãos de Samuel.
A equipa de Aguinaldo Melo, depois de suster este ímpeto de reacção ao golo, equilibrou as operações e passou a jogar mais perto da baliza contrária. Foi assim que, aos 24', Marc, em jogada individual, remata de fora da área, fazendo passar a bola não muito longe do alvo. O mesmo jogador, aos 28', inicia uma boa jogada pela esquerda, trocando com Danny, que endossa para a entrada da área, onde surgiu André Silva a rematar rasteiro, com a bola a roçar o poste esquerdo da baliza defendida por Leandro Sá.
O jogo estava intenso, emotivo, as paixões levadas ao rubro em cada lance mais disputado (Gui e André Silva já tinham sido, entretanto, também "amarelados") e, com o aproximar do final do primeiro tempo, a Oliveirense fez um "forcing" para restabelecer a igualdade no marcador. Aos 34', valeu uma intervenção arrojada de Samuel, opondo-se com êxito a uma entrada pelo meio de um jogador da casa, que lhe surgiu pela frente, ao oferecer o corpo à bola, evitando um golo que já era festejado antecipadamente. A resistência aveirense durou apenas mais um minuto, já que, aos 35', o árbitro da partida considera faltosa uma intervenção de João Rui (que viu o 4º amarelo para o Beira-Mar neste jogo) sobre um adversário, dentro da área e não teve dúvidas, perante os veementes e prontos protestos oliveirenses, ouvidos dentro e fora das 4 linhas, em assinalar a marca da grande penalidade. Vítor, indiferente às razões dos aveirenses, aproveitou para colocar o marcador em 1-1, ainda que Samuel tenha adivinhado o lado para o qual a bola foi enviada.
Animados pelo golo, os jogadores da casa galvanizaram-se, baralhando, por momentos, o equilíbrio defensivo dos auri-negros. Foi assim que, antes do apito para o descanso, a Oliveirense, por duas vezes, esteve à beira de consumar a "cambalhota" no marcador. Aos 39', na marcação de um livre frontal, a bola bate na barreira e quase trai Samuel, para, no minuto 40 e na sequência da melhor jogada da Oliveirense em todo o encontro, a equipa da casa desperdiçar uma oportunidade flagrante para chegar ao golo. O lance inicia-se no meio-campo, com sucessivas e rápidas trocas de bola, sempre em progressão pelo lado direito, ficando a equipa do Beira-Mar descompensada no lado contrário, para onde foi colocada a bola, rematada violentamente por cima da barra, quando o jogador interveniente (o criativo nº. 17), apenas com Samuel pela frente, tinha tudo para mandar a sua equipa em vantagem para os balneários.
A sorte que a equipa do Beira-Mar teve ao findar o primeiro tempo, acabou por ser desbaratada logo no primeiro minuto da segunda parte, quando, após lançamento lateral de João Rui, no enfiamento da grande área oliveirense, Marc, solicitado de cabeça por Danny, rodopia dentro da grande área e fica na cara de Leandro, contra o corpo do qual desfere um remate, que bem poderia ter estado na origem de mais um golo para a turma aveirense.
Este lance como que foi o mote para a segunda parte, com ambas as equipas empenhadas em chegar à vitória, ainda que, em termos de oportunidades, tivessem pertencido ao Beira-Mar as melhores e mais flagrantes. Da muita luta e entrega de todos os atletas, resultou apenas, aos 55', novo lance de perigo junto de uma das balizas, com Ricardo Tavares a cruzar, da direita, para o segundo poste, onde Diogo Carvalho chegou um tudo-nada atrasado. Nota para mais 2 cartões amarelos mostrados a Rafa e a Danny, aos 56' e 58', que colocaram a contabilidade em 6-0 "a favor" do Beira-Mar, mostrando claramente que o Sr. Carlos Taveira estava a sentir, em demasia, o ambiente criado. Como é possível, num jogo bem disputado, mas sempre com lealdade e "fair-play", mostrar a uma equipa 6 cartões, que passariam a 7 pouco depois, e à outra rigorosamente nenhum? Não é verdade que tivesse estado sobre o terreno de jogo uma equipa indisciplinada e outra rainha da correcção. Todos os atletas foram briosos, dignos uns dos outros, a diferença esteve no critério (ou melhor, na falta dele) do Sr. Carlos Taveira, que sentiu em demasia o calor que envolveu a partida, especialmente a partir do lance com Samuel, aos 10' de jogo.
Até que chegámos ao minuto 70, momento do jogo que nada alterou, em termos de resultado final, mas que poderia ter originado rumos completamente diferentes à partida. Nesse instante, e na mesma jogada, o Beira-Mar, por 3 vezes, esteve muito perto de desempatar a partida, com Henrique (duas vezes) e Danny a estarem muito perto do golo, negado pelos defesas oliveirenses, que salvaram os dois últimos remates (de cabeça, por Henrique e com o pé, por Danny) em cima da linha fatal, depois de bola ter já ultrapassado o guardião Leandro Sá. Não deu golo para o Beira-Mar e, na transição para o contra-ataque da Oliveirense, Gui comete falta na zona do meio-campo, vê o segundo cartão amarelo e consequente vermelho. Foram 10' de inferioridade numérica, que levaram a equipa de Aguinaldo Melo a cerrar fileiras, passando Danny (extremo/avançado) a jogar no lugar de defesa central, num sinal de que a equipa, neste jogo, estava disposta a tudo para honrar os seus pergaminhos. E, apesar do ânimo final que esta situação transmitiu à equipa da Oliveirense, o Beira-Mar defendeu-se sempre muito bem e não permitiu sequer que qualquer situação de perigo tivesse sido construída pelo seu adversário.
Chegava ao fim um daqueles jogos em que os atletas gostam de participar, com todos a saírem de cabeça bem erguida, cientes de que tinham lutado até aos limites pelo seu emblema. O pior foi mesmo o árbitro, que até nos pareceu não ser mau tecnicamente, mas que se deixou influenciar pelo ambiente, condicionando os jogadores do Beira-Mar com a amostragem de cartões, num jogo que não o justificou.

2 comentários:

Anónimo disse...

Esta análise nem é tendenciosa, nadinha mesmo!!! Dou os Parabéns por fazerem este excelente acompanhamento do vosso clube, mas, por favor, sejam equilibrados nas análises.

Anónimo disse...

A análise é excelente. Detalhada e valorizando os atletas do BM. É essa a missão do blog: incentivar os nossos a melhorar e a crescerem como homens e como atletas. Pena é que as arbitragens nem sempre ajudem à sua formação. Quem conhece o mundo da arbitragem de Aveiro afirma que existe uma parte significativa dos árbitros da Comissão de arbitragem da AFAveiro que são visceralmente anti-beiramar. Estes pequenos homens não são dignos de participar nos jogos da formação. Será que ninguem da Comissão de arbitragem consegue pôr todos os clubes em pé de igualdade no tratamento das arbitragens? Depois queixam-se que recebem pouco. Possivelmente não merecem mais.
Só com jantaradas poderão alterar o seu comportamento.