domingo, 8 de novembro de 2009

INICIADOS A: Emoção a rodos numa vitória muito sofrida

SC Beira-Mar, 3 - Académico Viseu FC, 2
(1-0, ao intervalo)
O Beira-Mar alcançou, na manhã de chuva deste domingo, a 9ª vitória consecutiva na prova e continua a contar por triunfos os 9 jogos disputados até agora no campeonato nacional. A vitória foi alcançada diante do seu mais directo perseguidor, o Académico de Viseu, que também está a fazer uma excelente carreira na prova, mas que hoje passou a ver os aveirenses a 6 pontos de distância. Foi um jogo muito emotivo, disputado num terreno muito pesado, por duas equipas que foram dignas uma da outra e que demonstraram hoje as razões porque ocupam os 2 primeiros lugares da série C do campeonato nacional de iniciados. O SC Beira-Mar esteve sempre na frente do marcador, podia ter "matado" o jogo no decorrer da 1ª parte, mas os academistas nunca se renderam e chegaram por duas vezes à igualdade, obrigando os auri-negros a ir buscar forças onde parecia já não as terem e chegar à vitória a 9 minutos do final do tempo regulamentar. As mudanças no marcador e a incerteza do resultado até final agitaram os corações dos espectadores, que tiveram de se mostrar bem fortes já que o jogo foi impróprio para cardíacos.
No estádio Mário Duarte e sob a direcção do juiz da partida, Sr. Nuno Roque, da AF Coimbra, as equipas apresentaram:
SC Beira-Mar: Hugo (GR); Diogo H. Carvalho, Gui, João Rafael e Filipe; André Silva, Diogo M. Carvalho e Rafa (cap); Ricardo Tavres, Henrique (Pedro Aparício, 47') e Tiaguinho (Duílio, 60').
Suplentes não utilizados: André Fernandes (GR), Ruben Marques, Timóteo, Didi e Vítor.
Académico de Viseu: Pedro (GR); Alex, Stefane, Diogo e João; Rui Pedro, Frederico (Gonçalo Pipo, 24') e Márcio (cap); Rui Sérgio, Rui Pipo e Flávio (Guilherme, 60').
Suplentes não utilizados: Mário (GR), Bernardo, Eduardo, Tiago e Rafael.
A partida começou numa toada bem viva com as duas equipas a mostrarem raça e determinação para vencer. O estado do terreno, muito difícil devido à chuva, parecia favorecer os academistas, que apresentavam uma equipa com mais "quilos" do que os auri-negros (os impedimentos vários, alguns de última hora, obrigou ao recurso de vários "pesos-pluma"). O equilíbrio inicial desfez-se, porém, logo aos 8', quando Henrique, ao 1º poste, deu o melhor seguimento a um pontapé de canto batido na direita por Tiaguinho e desviou oportunamente de cabeça a bola para o 1-0.
Os viseenses reagiram bem ao golo e mostravam grande atitude, tal como os da casa, na disputa dos lances. Já se sabia que o ponto forte dos forasteiros eram as bolas paradas e foi com recurso a este tipo de lances que, normalmente, a bola chegava à área da baliza defendida por Hugo, que não teve muito trabalho na 1ª parte. Neste período, as oportunidades flagrantes de golo pertenceram ao Beira-Mar, que espreitava sempre a possibilidade de apanhar em falso os visitantes e por mais do que uma vez poderia ter "matado" o jogo ou, pelo menos, ter alcançado uma vantagem mais confortável. Aos 19', Ricardo Tavares protagoniza uma jogada em velocidade pela direita, tendo puxado a bola para dentro e rematado de pé esquerdo, rasteiro, rente ao poste mais distante. Aos 21', Tiaguinho ganha um ressalto à entrada da área e dispara um "míssil", desviado para a barra por uma soberba intervenção do guardião Pedro.
Se quiséssemos resumir o filme do que se estava a passar em campo diríamos que havia muito porfiar dos academistas, mas sem resultados práticos e uma resposta sempre muito perigosa dos auri-negros que criavam as melhores oportunidades. O exemplo mais sintomático do que acabámos de dizer foi o lance de Henrique, aos 28', em que o goleador aveirense, que praticamente não treinou esta semana e jogou adoentado, perde um golo de baliza aberta, após uma jogada de Tiaguinho pela direita, com passe atrasado para o remate de Diogo M. Carvalho. A bola ressalta e fica à mercê do nº 9 aveirense que, sem ninguém na baliza, fez o mais difícil e não concretizou o 2º do dia. A primeira intervenção de Hugo, digna de registo, aconteceu a dois minutos do intervalo, defendendo com segurança um remate cruzado da direita, que poderia ser perigoso. O intervalo chegava com a sensação, do lado beiramarense, que as coisas já poderiam estar resolvidas, mas com a certeza de que o opositor era uma equipa muito combativa e com argumentos fortes, que assentavam nas bolas paradas e na combatividade.
Adivinhava-se uma 2ª parte difícil e isso veio a verificar-se com os academistas a entrarem forte e a trabalharem para chegar à igualdade. As bolas paradas, algumas bastante forçadas, diga-se de passagem, continuavam a ser o modo privilegiado para a bola entrar no último reduto defensivo aveirense. E foi deste modo, aos 11' da etapa complementar, que o Académico de Viseu chegou à igualdade. Um livre na esquerda, bastante longe, ainda, da linha limite da grande área, é batido para a zona de grande penalidade. Três defensores aveirenses saltam à bola e é André Silva que, com alguma infelicidade, anicha a bola nas próprias redes, fazendo o auto-golo que colocava o marcador em 1-1.
Foi a vez dos rapazes da casa reagirem à adversidade e passados cinco minutos apenas, voltou a surgir a raça do "capitão" Rafa, que parece talhado para os momentos mais difíceis. Foi aos 16', numa jogada de insistência, de cariz individual, passando por "meio-mundo" academista, flectindo para a esquerda onde, já bem dentro da área, desferiu um remate de pé esquerdo, que Pedro não conseguiu segurar. Foi uma pequena "traição" do viseense Rafa à equipa onde, nas escolinhas, começou a dar os primeiros pontapés. Estava feito o 2-1 e os auri-negros voltavam a sorrir. Por pouco tempo, diga-se. Ainda se ouviam os ecos dos festejos do 2º golo, quando uma hesitação na saída da baliza do guarda-redes Hugo, que seguraria uma bola morta lançada em profundidade, permite a antecipação do avançado academista, que desvia a bola para as redes aveirenses. A bola não chegaria a entrar, por intervenção de um defesa da casa, mas o árbitro considerou contacto faltoso do nº 1 do Beira-Mar com o avançado visitante e apontou a marca de grande penalidade. Chamado à marcação, Rui Pipo rematou forte, mas a bola foi devolvida pela barra, gorando-se a hipótese de novo empate. Pensamos que se escreveu direito por linhas tortas.
Mas estava escrito que as bolas paradas haveriam de dar novos frutos aos viseenses. Tanto porfiaram nesse tipo de lances ( que o Sr. Nuno Roque continuava a alimentar) que aos 22' chegaram de novo ao empate. Foi na sequência de um pontapé de canto batido no lado esquerdo, com a bola a ser disputada por um cacho de jogadores e a ficar à mercê, dentro da pequena área, do academista Diogo que não teve dificuldade em fazer o 2-2.
Que jogo emotivo, aguenta coração! Tudo era ainda possível, ambas as equipas tinham trunfos para chegar à vitória e lutavam por isso. Mas se ambas tinham trunfos, "os ases" eram de Aveiro. Rafa, mais uma vez na jogada e ele, que desde o lance do golo que marcou parecia ter acabado fisicamente, deve estar ainda para saber onde foi buscar as forças para esta ponta final do encontro. O "capitão" aveirense, mais uma vez em esforço, mas levando sempre a melhor sobre os marcadores directos, ganha a linha de fundo e cruza, "in-extremis", do lado esquerdo, com conta, peso e medida, para a boca da baliza, onde surge o pequeno-grande Pedro Aparício (foi lance de "capitães") a cabecear (!) para a baliza deserta. Foi o 3-2 e a explosão de alegria nas hostes auri-negras. Estavam decorridos 26' e, até final, não mais os academistas incomodaram Hugo, pese embora os esforços desenvolvidos e que nunca foram regateados. Foi mesmo Ricardo Tavares que teve nos pés a hipótese do 4º golo, aos 28', num belo lance de execução técnica, mas o "chapéu" efectuado a Pedro foi salvo em cima da linha de golo por um defesa viseense.
Belo jogo de futebol, que teve um vencedor premiado pelo maior número de oportunidades de golo fabricadas e um vencido que, honra lhe seja feita, lutou até à exaustão e mostrou ser uma equipa muito forte para a luta pelos primeiros lugares desta série.
O árbitro da partida pareceu-nos ter um critério muito apertado no julgamento dos lances faltosos e, na grande penalidade, tem o benefício da dúvida embora, a haver contacto, ele tenha acontecido muito depois do remate do avançado de Viseu.

2 comentários:

Anónimo disse...

Penalty é decerteza! O avançado academista toca a bola e o guarda redes derruba-o sem tocar na bola!
Sobre o 3º golo... A bola sai pela linha de fundo (sai mesmo) e os defesas academistas ficam a espera disso (tambem é um erro)! O arbitro pareceu-me que marcava demasiadas faltas, pausando o jogo demais!
O resultado mais justo era o empate mas se houvesse um vencedor era o Beira Mar pelas oportunidades que criou!
Grande jogo das duas melhores equipas da serie C

Anónimo disse...

António Correia (AVFC)

Boa crónica!
Faltou-lhe dizer que o cruzamento "in extremis" foi para lá do "in extremis". Nitidamente já fora do rectângulo de jogo.
De resto, não há dúvidas que se defrontaram duas boas equipas e que o resultado mais justo seria o empate.
Continuação de sorte e empenho!