quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

JUVENIS: Houve "Paciência" a mais...

FC Porto, 3 - SC Beira-Mar, 1
(3-0, ao intervalo)

Não houve surpresa no Centro de Treinos e Formação Desportiva Porto Gaia, no Olival, e o Beira-Mar viu-se naturalmente batido, por 3-1, pela equipa da casa e líder da série B, FC Porto. O jogo foi decidido na primeira parte, período em que os jovens dragões começaram por ter alguma paciência para encontrar o modo de entrar na estrutura defensiva auri-negra, que defendia com 9, 10 e, às vezes, 11 homens atrás da linha da bola, para depois terem Paciência (Gonçalo), que foi, efectivamente, o elemento chave deste jogo, com a obtenção dos dois primeiros golos, reveladores de muita classe, domínio do jogo aéreo e tremenda eficácia finalizadora.
No último jogo de 2010, referente à penúltima jornada, da 1ª fase, do campeonato nacional de juvenis, as equipas apresentaram:
FC Porto: Luís Pinto (gr); Carlitos (Francisco Costa, int), Bruno Silva (cap), João Paulo e Gerson; Tomás (Bernardo, int), Leandro e Christian (Rui Cardoso, 55'); Francisco Costa, Gonçalo Paciência e Ricardinho.
Suplentes não utilizados: Kadu (gr), Jorge Azevedo, Luís Rafael e Costa.
SC Beira-Mar: Samuel (gr); João Rui, Guilherme (Pedro Aparício, 61'), Miguel e Rúben Marques; André Silva, Balacó e Diogo M. Carvalho; Marc (Henrique, 67'), Ricardo Tavares e Danny (Tiago Gomes, 53').
Suplentes não utilizados: Hugo (gr), João Meireles, João Rafael e Pité.
Tal como no jogo da primeira volta o Beira-Mar deu completamente a iniciativa do jogo ao seu adversário, consciente que estava da superioridade do seu adversário. O FC Porto viu uma equipa que formava um bloco muito compacto, sempre atrás da linha da bola, e nos primeiros minutos não encontrou modo de importunar o até aí tranquilo Samuel. Mas, numa equipa onde abundam jogadores que, apesar da idade,  revelam já ser individualidades de destaque, basta um momento de génio para desequilibrar. Foi o que sucedeu, aos 8', quando, na sequência de uma jogada pelo flanco esquerdo, Marc, em função defensiva, faz um corte de "carrinho", que parecia providencial, mas que colocou a bola à medida do pé esquerdo de Ricardinho, para um centro de primeira, ao qual correspondeu Gonçalo Paciência com uma excelente antecipação, ao encontro da bola, e um não menos brilhante golpe de cabeça, que não deu qualquer hipótese de defesa a Samuel. Bonito golo, que colocava o favorito FC Porto na liderança do marcador, com o 1-0 a poder dar-lhe mais alguma tranquilidade na gestão do jogo.
O Beira-Mar abanou um pouco, o Porto começou a ter mais espaços para circular a bola, facto a que também não era alheia a mudança de sistema para apenas 3 defesas, com a frente de ataque mais alargada e, aos 11', um remate de Leandro, de fora da área, leva muito perigo à baliza aveirense, com a bola a sair muito perto do seu poste direito. Os auri-negros, até então, revelavam uma enorme incapacidade para sair a jogar, já que, após a conquista da bola, não havia quem a segurasse. Deste modo, apenas aos 19' de jogo a equipa de Aguinaldo Melo consegue chegar à baliza do, até aí espectador, guardião portista. E a verdade é que esse lance poderia ter resultado no empate, tivesse Ricardo Tavares, completamente isolado na direita por Marc, após uma boa jogada deste, mais algum discernimento na finalização. O certo é que, logo na recepção, a bola fugiu ligeiramente para a direita, o ângulo de remate ficou mais apertado e o goleador aveirense optou por atirar em jeito, mas a bola saiu para fora.
A turma auri-negra voltara a organizar-se muito bem defensivamente, o Porto não criava oportunidades e os aveirenses já tentavam sair a jogar com maior frequência. Mas, aos 27, a classe do nosso adversário voltou a desequilibrar. Na sequência de uma boa jogada de ataque e após uma excelente simulação na zona central (de aplaudir este jogo sem bola), Leandro fica na cara de Samuel, que ainda lhe nega o golo com uma soberba defesa; porém, a bola sobrou para a direita, de onde é centrada ao segundo poste, surgindo nas alturas (grande elevação) Gonçalo Paciência a bisar na partida, fazendo de cabeça o 2-0, com um gesto técnico perfeito, praticamente sem ângulo para finalizar.
Se o jogo pareceu ficar decidido neste momento, mais se acentuou essa ideia quando, aos 34', na sequência de um centro de Ricardinho, Christian, com um golpe de cabeça, que sobrevoou o travessão, esteve muito perto de dar à sua equipa uma maior vantagem. Esta chegaria no minuto seguinte, com a obtenção do 3-0, obra de Ricardinho, que, do meio da "rua", se decidiu por uma "bomba", que surpreendeu Samuel, talvez ligeiramente adiantado. A última oportunidade da primeira parte pertenceria ao Beira-Mar, aos 36', num lance que tem origem novamente em Marc, muito activo neste jogo, que isola Danny, para este, na cara de Luís Pinto, ver o guardião "azul-e-branco" defender para canto com os pés.
A segunda parte do jogo foi completamente diferente e a bola foi muito mais repartida pelos dois meios-campos. Para isso contribuíram, uma maior desinibição dos aveirenses e as alterações produzidas pelo treinador Nuno Capucho, que, na nossa opinião, fragilizaram a equipa do Porto. O período complementar começou praticamente com duas oportunidades de golo, uma para cada lado. Aos 42', o recém-entrado Bernardo foge à marcação pelo corredor direito, aproxima-se da baliza e dá para a zona central, onde gera verdadeiramente o caos na defensiva aveirense, que não vê a bola entrar por alguma fortuna. Aos 43', foi Ricardo Tavares que se interpõe num atraso de bola ao guarda-redes e faz um "chapéu" a Luís Pinto, fora dos postes, que vê a bola passar a milímetros da sua baliza. O Beira-Mar, que já jogava o jogo pelo jogo, aos 46', voltou a desenvolver uma boa jogada de ataque, da qual resultou excelente ocasião para encurtar distâncias, com Marc a ser servido na direita e a cruzar tenso para a área, onde Danny mergulhou de cabeça e atirou para a baliza, errando o alvo por muito pouco.
Este melhor período da equipa auri-negra daria os seus frutos, aos 55', com a obtenção do 3-1, um bom golo de Marc, que se antecipou ao guarda-redes portista e desviou de primeira, para a baliza deserta, uma bola enviada do lado contrário, por Ricardo Tavares, numa diagonal perfeita que fez viajar o esférico da esquerda para a direita.
O FC Porto sentiu o seu orgulho ferido (estava a perder na segunda parte) e reagiu, podendo ter chegado ao golo, por duas vezes, através de Bernardo, aos 56' e 72', com o nº 16 "azul-e-branco" a surgir, em ambos os lances, isolado face a Samuel, que lhe nega o golo com uma grande defesa, na primeira jogada, e vê a bola, "picada" sobre o seu corpo, passar rente ao poste contrário, na segunda hipótese.
Até final, registo para uma grande penalidade que ficou por assinalar, aos 75', por derrube claro pelas costas a Ricardo Tavares, para um livre directo de Tiago Gomes, aos 80', que tirou tinta ao travessão e para a última oportunidade de golo do jogo, perdida por Leandro, na cara de Samuel, já em período de compensação.
Vitória justa do FC Porto, face ao seu inegável potencial superior, mas com uma excelente réplica do Beira-Mar, sobretudo na segunda parte, quando a equipa se soltou mais. A arbitragem do Sr. Rui Torres, da AF Braga, até nem estava a ser má, na primeira parte, mas aquele penalti por marcar, a favor do Beira-Mar e um critério demasiado largo no capítulo disciplinar, que beneficiou mais a equipa da casa, leva-nos a citar a figura do Diácono Remédios, quando dizia - "não havia necessidade...".

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