terça-feira, 7 de dezembro de 2010

JUVENIS: Erros e lição de contra-ataque justificam resultado

SC Beira-Mar, 1 - Boavista FC, 4
(0-0, ao intervalo)

A equipa de juvenis do SC Beira-Mar voltou a marcar passo no campeonato nacional da categoria e foi severamente batida pelo Boavista, no Estádio Mário Duarte, por 1-4, resultado que é uma conjugação de erros primários cometidos pelos auris negros, bem aproveitados pelos "axadrezados" para dar a "cambalhota" no marcador, com uma brilhante demonstração da arte de bem contra-atacar, mostrada pela equipa do Bessa, quando já se encontrava em vantagem e os aveirenses tentavam, desesperadamente, chegar pelo menos ao empate.
Sob uma excelente arbitragem do Sr. João Henriques, da AF Coimbra, a equipa do Beira-Mar apresentou-se, num dia de muita chuva, com os seguintes elementos:
Samuel (gr); João Rui, Miguel, Manuel e Rúben Marques (Henrique, 63'); André Silva (cap), Diogo M. Carvalho e Pité; Ricardo Tavares (João Valente, 70'), Marc (Tiago Gomes, 63') e Danny.
Suplentes não utilizados: Hugo (gr); Bruno Filipe e Balacó.
Quando o jogo se iniciou, cedo se percebeu que as condições do tempo e do relvado iriam condicionar a tarefa dos jogadores, tornando o seu trabalho muito mais difícil e tendo, naturalmente, reflexos na qualidade do futebol praticado. Com zonas do terreno onde a bola rolava rapidamente, e outras, mais encharcadas, onde prendia, era quase impossível controlar bem a intensidade do passe e isso viria, infelizmente para os da casa, a ter influência no resultado.
O jogo era de muita luta a meio campo, com a bola a ser jogada quase sempre longe das balizas, tendo Marc, apenas aos 6', feito o primeiro remate da partida, desferido de muito longe, em balão, por cima do travessão, ficando o registo da tentativa de chegar, por este meio, ao golo que se mostrava difícil de obter em circunstâncias tão adversas. O Boavista, que montou uma estratégia de colocação dos avançados auri-negros em fora-de-jogo e que resultou praticamente em pleno, só chegava à área de Samuel em lances de bola parada, aproveitando livres em qualquer parte do terreno (mesmo no seu meio campo) para colocar a bola perto da baliza do Beira-Mar. E foi na marcação de um livre, este no enfiamento da grande área, sobre o lado direito, que o Boavista rematou, aos 21', pela primeira vez à baliza aveirense, tendo Samuel defendido bem com um desvio para canto. Também foi na marcação de um livre na direita, executado por Marc, aos 27', que o Beira-Mar levou o perigo à baliza dos "axadrezados", com Danny a elevar-se bem na área e a rematar de cabeça para as mãos do guardião José Pedro.
A convicção era cada vez maior que as bolas paradas resolveriam o jogo, mas, curiosamente, foi num bom lance de bola corrida, aproveitando o corredor direito, onde a bola deslizava quase normalmente, que o Beira-Mar construiu uma soberana oportunidade de golo, com Marc a abrir em Ricardo Tavares, que assiste, com um cruzamento rasteiro, a entrada de Pité na pequena área, que atirou, na cara do guarda-redes do Boavista, contra o corpo deste. Como se costuma dizer, e sem ofensa para José Pedro, acertou no "boneco"! A parte final da primeira parte, acentuaria a tendência do Beira-Mar para incomodar mais o último reduto boavisteiro e, aos 39' e 40', o perigo voltou a rondar a baliza da equipa do Bessa. No primeiro lance, outra vez Ricardo Tavares, na direita, faz um cruzamento rasteiro e atrasado, solicitando Diogo Carvalho, que, por estar ligeiramente adiantado relativamente à bola, executa o remate em dificuldade, saindo fraco; a seguir, mais um livre de Marc, muito bem executado, permite um cabeceamento muito perigoso a João Rui, que fica muito perto do golo.
A equipa aveirense, que poderia ter chegado ao intervalo na frente do marcador, já que dispôs das melhores, diríamos mesmo, únicas oportunidades de golo, jogava, na segunda parte, a favor do vento, factor que poderia não ser despiciendo, dadas as condições já referidas do relvado. Mas não foi por aí que as coisas se viriam a decidir e, neste período complementar, aos 46', pertenceria mesmo ao Boavista o primeiro remate, desferido em posição frontal pelo seu nº 7, que saiu, no entanto, sem direcção. Mas logo no minuto seguinte, o Beira-Mar colocar-se-ia em vantagem, por Danny, que surge solto na área, onde recebe um cruzamento rasteiro, da direita, de Ricardo Tavares, para atirar para o 1-0 na cara do guardião contrário, que viu a bola passar-lhe por baixo.
Parecia estar feito o mais difícil, mas os esfusiantes e prolongados festejos do golo inaugural como que desconcentraram os jogadores aveirenses, que, no minuto seguinte, fruto de uma indecisão e de uma má opção, oferecem o golo do empate ao adversário. Uma bola que poderia ter sido aliviada facilmente, é atrasada para Samuel, mas fica presa na água e disso se aproveita Joel para chegar, de forma inesperada ao 1-1, apanhando o guardião aveirense ligeiramente fora dos postes e atirando para a baliza deserta.
Os jogadores aveirenses procuraram reagir de imediato e, aos 49', Marc responde, em jogada individual, que culmina com um remate forte, mas ao lado do poste.
As coisas complicar-se-iam para os auri-negros, aos 52', quando num ressalto de bola, após uma tentativa de alívio, na área do Beira-Mar, esta fica à mercê do extremo boavisteiro Tiago, que, na cara de Samuel, só tem de a fazer sobrevoar o guardião aveirense, que nada pôde fazer para evitar o 1-2 caído do céu. De repente, um jogo que parecia estar a encaminhar-se bem para a obtenção de um resultado positivo, que os atletas beiramarenses tanto perseguiam e desejavam, vira-se completamente ao contrário e era a equipa de Aguinaldo Melo que teria de correr atrás do prejuízo. Todos estes acontecimentos adversos, em tão curto espaço de tempo, acabam por mexer com a estrutura mental da equipa e, aos 60', num lance em tudo semelhante ao do primeiro golo dos forasteiros (nova bola presa na água, em atraso não aconselhado ao guarda-redes), valeu a intervenção de Samuel para evitar mais um golo oferecido.
Operadas algumas alterações no Beira-Mar, com duas substituições e mudança no sistema de jogo utilizado, os aveirenses ganharam momentaneamente um novo fôlego e viriam a estar muito perto do empate, em dois lances sucessivos. Aos 65', um livre apontado por Tiago Gomes, no enfiamento da grande área do Boavista, no flanco esquerdo, leva a bola ao segundo poste, onde aparece, sozinho, Pité, a falhar escandalosamente o golo, atirando de cabeça ao lado. No minuto seguinte é Tiago Gomes, após uma iniciativa individual, a entrar bem dentro da área do Boavista, mas a rematar ligeiramente ao lado do poste direito.
Estes lances foram como que o "canto do cisne", na perspectiva beiramarense, já que, de seguida, apareceu o Boavista em todo o seu esplendor, na arte de contra-atacar, aproveitando muito bem o balanceamento para o ataque dos aveirenses, na procura de chegar, pelo menos, ao empate. Foi assim que, aos 67', novamente Tiago, chega ao 1-3 (talvez o melhor golo do jogo) e, aos 75', Joel também bisaria, fazendo o 1-4 em mais uma excelente transição rápida, em que a bola foi bem trocada desde a área "axadrezada" até os marcadores ficarem na cara de Samuel, que não teve qualquer hipótese de evitar este avolumar do marcador. Valeriam, aliás, duas suas intervenções, aos 71' e já depois, em período de compensação, para evitar que jogadores adversários isolados ampliassem ainda mais o marcador, numa fase em que a equipa do Beira-Mar estava, também psicologicamente, derrotada.
O apito final chegaria a seguir e se os números do marcador acabam por nos "obrigar" a ter de aceitar a vitória do Boavista, que, no entanto, só seria verdadeiramente justificada após a reviravolta no marcador, fica mais uma vez a sensação que outro resultado teria sido possível. Mas, também mais uma vez, a nossa equipa não soube guardar a vantagem com que esteve no marcador e este facto já começa a parecer sina....

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